Editorial.

O que se propõe é perceber os acontecimentos do mundo. Mas nos acontecimentos, há infindáveis hipóteses, juizo de valor enfim, o achismo em sua "egotripe". (A parte mais superficial do id, a qual, modificada, por influência direta do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em conseqüência, tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do id.) Então, o que escrever neste blogg? Essencialmente, o que ou quem não se manifesta em nosso mundo! Pois o nosso id se tornou um caos! Afinal, temos vontade de que? Tentaremos! Pois, em terra de sapo, mosquito não dá rasante. Boa leitura! P.s.: Aguardo os comentários.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

TILT'S>>> CRIMINALIZAÇÃO DO PROFESSOR ( GREVE DOS PROFESSORES ESTADUAIS EM SP por Fernando Rodrigues de Mendonça – professor estadual)


Desde o dia 13 de junho os professores das escolas estaduais de SP estão em greve. São Paulo é o estado mais rico da federação, ou seja, aquele que mais dinheiro tem para investir na educação. Mas o que vemos, no Estado de São Paulo são escolas em ruínas, professores que para ganhar uma remuneração razoável (cerca de 2000 reais por mês) tem que se dedicar a duas e até três redes educacionais.
Mas vamos entender os motivos dessa greve. Há muito tempo a educação em SP, e no país como um todo, sofre, agoniza. Particularmente nesse Estado desde o ano de 1994 a política do PSDB destrói a escola pública. Professores com baixa remuneração (1200 reais por 21 horas-aula semanais, claro comparando com outros estados, podemos até dizer que em SP paga-se bem), escolas sucateadas, alunos sem interesse nenhum, violência aos docentes, são apenas alguns itens possíveis de serem lembrados sem um estudo mais profundo.
O governo Serra eleito em 2006, e, diga-se de passagem, por muitos professores vem buscando mudar a política educacional do Estado. De que forma? Criminalizando os docentes. No ano passado aprovou uma nova previdência estadual, em que a princípio excluiria os professores não concursados. Por pressão da APEOESP (sindicato dos professores da educação estadual de SP) o governo recuou e admitiu os professores não concursados até a data da publicação da nova previdência (SPPREV). Os ingressantes não concursados (chamados de ACTs) recorrem agora ao INSS.
No começo do ano letivo, como parte de uma reformulação curricular o Estado elaborou uma Nova Proposta Curricular para todas as disciplinas, a partir da 5ª série do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio. Nenhum problema quanto a isso, pois as aulas já vêm preparadas para os docentes. Em um exame mais atento das apostilas perceberemos que o governo estadual de SP ignora a realidade da escola pública. Pouco tempo para ensinar um conteúdo, pois os professores universitários que elaboraram o material não sabem que um aluno não domina o conteúdo mínimo das disciplinas (na apostila de história de todas as séries já mencionadas, sempre existe a recomendação de levar em conta os conhecimentos já adquiridos do aluno, ou seja, nenhum), mapas e questões de múltipla escola para serem reproduzidas, sendo que as escolas não possuem máquinas copiadoras. Subjetivamente, percebemos, portanto que para o governo estadual, o problema está no professor, que não ensina seus alunos corretamente.
No final de maio mais dois decretos (nada de passá-los pela Assembléia, mesmo o PSDB tendo maioria absoluta) limitando as faltas médicas a apenas 6 por ano e 1 por mês (quando o docente ultrapassar esse limite ele terá que recorrer a uma licença médica, outro detalhe é que o Departamento Médico de Saúde do Estado, órgão responsável pelas licenças médicas agora pertence a Secretaria de Gestão e não mais a de Saúde, e para terminar, os médicos estaduais campeões na concessão de licenças médicas serão investigados pelo governo) e outro em que os professores ACTs que perderem as aulas após o fim do ano letivo serão submetidos a um processo seletivo (não especificado) em que o tempo de serviço que outrora era referência nas atribuições de aula, agora será desconsiderado. Nesse mesmo decreto limita-se a remoção de professores concursados. O que o governo desconsidera são as salas super lotadas, alunos que passam de ano sem dominar noções básicas de leitura, escrita graças a progressão continuada (chamada de progressão automática) implantada desde 1996 e defendida por diretores e coordenadores que afirmam que os professores não entenderam sua proposição.
Após uma semana de greve o governo concedeu 12% de reajuste salarial. A APEOESP aprovou em assembléia a continuação da greve até que o governo negocie a retirada dos decretos. Obviamente essa greve não durará muito, pois, muitos professores (inclusive este que vos escreve) têm contas a pagar; entretanto, a única forma de pressão aos governantes continua, e sempre será através da luta dos trabalhadores e a Greve e a melhor opção para alcançar os objetivos de uma classe tão desrespeitada no Brasil todo.

(Fonte: Fernando Rodrigues de Mendonça – professor estadual e filiado a APEOESP. )

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